22 de março de 2012

O Tu é o parteiro do eu


Ponto de Vista

Inicio este texto demarcando os contornos de meu discurso: sou graduando de história, cristão (católico) e um ser vivente que reside numa grande selva de pedra. Neste texto, caro leitor, pretendo que você entenda que sou o que sou e você é o que é, não pelos resultados de ações isoladas, e sim por estarmos sujeitos a uma condição indissociável do “outro”.

Precisamos diariamente reconhecer nossa fragilidade, nossa necessidade do “outro”. Portanto, é considerável aceitar que não somos tão fortes quanto parecemos, ao ponto de acreditar que não precisamos dos outros seres humanos, dos animais e das plantas, qui sapit tenhamos de aceitar nossa condição humana.

Para exemplificar o que me incomoda na contemporaneidade: ora a decisão que tomamos em tornar as coisas individuais, rápidas e velozes está nos distanciando dos amigos, da família e de tudo. Mas, afinal, somos todos iguais, em maior e menor medida, ou não?

Existe um discurso atual, em que a regra é tornar cada um o “protagonista de sua vida”. A proposta é válida, mas creio que está sendo mal interpretada. Ora, é obvio que temos que nos colocar no centro da nossa vida, mas sem jamais deixar de olhar os demais. É preciso sair de nossa redoma de “papel manteiga” e, além de observarmos as mazelas alheias, “mergulhar nela”, compreendê-la e assim fazer alguma diferença.

É saturado saber que já fazemos muito, pagamos impostos, fazemos doações e tantas outras “caridades”. Minha proposta é fazermos o exercício de olhar para a pior criatura que conhecemos (aliás, ela poderá ser observada no espelho mais próximo).

Leonardo Boff em seu livro Saber Cuidar nos diz que, para tanto, será preciso que cada pessoa descubra e entenda-se como parte do ecossistema local e da comunidade biótica, seja em seu aspecto de natureza, seja em sua dimensão de cultura. Somente nós, humanos, temos a capacidade de trazer “esperança e consolação” a um amigo.

Somente nós podemos ter certeza que ao jogarmos um papel na rua estamos matando.

Portanto, demarco aqui uma sugestão. É preciso, por meio da psicologia profunda de Freud, Adler, Rogers, Jung, Hillman resgatar a reflexão acerca da “centralidade do sentimento”, a importância do cuidado alheio, da compaixão e, por fim, da ternura. É preciso renunciar à ganância de poder, que reduz tudo e todos a meros objetos. Frei Betto, frade dominicano e jornalista, afirma que ser cristão é lutar pela transformação das pessoas e do mundo. Portanto, é mudando nossos comportamentos e nossas atitudes que poderemos mudar este mundo.

Agora, se tudo isso for utopia, prefiro continuar dormindo no sono de Deus a ser paralisado pelo sono da injustiça.

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