25 de janeiro de 2012

O Tempo tudo sabe

Por: Jailson Uriel Zanini

As cidades estão ficando pequenas demais. Digo isso sem medo de errar, não estamos mais cabendo dentro de nossas cidades. O trânsito tornou-se martírio; as filas de bancos, farmácias, supermercados e todo tipo de espera uma tortura. Esses dias, observando os fiéis em uma missa, desesperados por chegar primeiro para tomar a comunhão, uma dúvida me corroeu: aquela pressa era vontade de Deus ou o repúdio do povo. Enfim, o tempo não para.
Tenho um costume meio estranho e criticável, gosto de observar as pessoas. Aprendemos com o compasso dos outros. Dias desses, estava sentado próximo a um ponto de muito movimento da cidade. Devido uma construção, as pessoas tinham que se amontoar para passar de um lugar ao outro, o interessante que pude notar foi a impaciência de alguns que ali passam. Descreverei a cena: era por volta das 9h30, num sábado, o centro estava bem cheio; Um jovem murmurava porque tinha que diminuir o passo, pois um idoso caminhava a sua frente vagarosamente.
Entendendo a cena: de um lado o jovem, com toda saúde, disposição, com sede de ir em frente; do outro um velho, que não tinha mais dever de correr, nem tanta saúde, tão pouco disposição; já tinha chegado.
O mundo tem pressa, queremos de toda forma chegar lá! Buzinamos, gritamos, xingamos etc. E a paciência? Finada palavra dos vocabulários. Nessa corrida desenfreada, buscamos a todo custo ser reconhecidos, aplaudidos, queremos ser a luz, gostamos dos elogios, o ego tornou-se nosso sobrenome. Não aceitamos críticas, queremos status, pois lá temos a proteção, a redoma do poderzinho que impele as críticas. Cremos dogmaticamente que estamos certos, mesmo quando a condição nos mostra a posição ridícula de errado.
A cidade tornou-se pequena demais, não conseguimos mais conversar, nossas tribos são virtuais, nossos amigos são fotos estáticas dos Facebook, Twitter, Orkut da vida. Nossas prosas metamorfosearam-se em caracteres, nossos discursos são um eterno retorno da inutilidade política, das novelas, dos filmes, dos livros vendáveis. Não cultivamos mais os jardins. Não discutimos ideias, discutimos opiniões (aliás, sei mais que você e sempre você estará errado!).
O fato é que não podemos estar sempre alegres, mas devemos estar em paz. É aconselhável visitar os asilos, escutar os mais velhos, eles têm muito a nos dizer e querem dizer. Em uma badalada do tempo estaremos com a mesma vontade! Muitas vezes, é necessário ter a coragem de vencer a si mesmo, talvez mais coragem do que vencer uma guerra. É preciso ressuscitar a paciência, a parcimônia e a coragem de dizer “eu sou uma obra inacabada” que precisa todos os dias de retoques de outros humanos. Reconhecer a pequenez dar-me-á o sobrenome de humilde.


DATA DA PUBLICAÇÃO: 25/01/2012

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